Friday, September 29, 2006

Ando meio perdida...

Andei perdendo meu rumo. Essa é sempre uma hora perigosa na minha vida, quando eu perco o rumo.

Talvez por que eu jamais tenha descoberto aonde eu quero chegar, sempre que eu perco o rumo termino dando uma ginada (mais ou menos) radical. As de menor impacto são as mais comuns... cortar o cabelo, pintar de outra cor, fazer uma tatuagem...

As de médio impacto são mais divertidas. Achar um hobbie novo, começar um curso, mudar algo mais sério ou profundo, terminar um namoro...

E tem aquelas fenomenais. Largar tudo e mudar de cidade! Fiz isso uma vez e foi ótimo - aconselho a experiência.

Agora ando perdendo o meu rumo, será que eu consigo achar antes de, mais uma vez, tentar trocar de bússula?


Metade Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca. Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste. Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante. Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento. Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço, Que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada. Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância. Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito. E que o teu silêncio me fale cada vez mais. Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente Complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer. Porque metade de mim é a plateia e a outra metade, a canção.
E que minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor e a outra metade... também.

Wednesday, September 20, 2006

O amor perdido pelo caminho

Certa vez o Malhado (do 'A sorveira e o Carvalho' ) e eu estavamos conversando e ele me disse uma coisa que me marcou profundamente.

"O ódio é o amor mal direcionado"

Parece filosofia de buteco, mas me fez ver o ser humano, que eu já estava começando a desprezar, sob uma luz mais favorável.

Me fez lembrar que somos todos feitos de um material mais nobre e mais durável do que mera carne, só que as vezes nos confundimos e atacamos aquilo que parece contrário ou opositor ao nosso amor... o pais vizinho, a outra religião, a outra cor, o outro time, a outra orientação sexual, o outro.

Nos faz causar dor ao próximo simplesmente por que este próximo não se limita à nossa visão do objeto amado, que pode ser ele mesmo. Então tentamos muda-lo e nessa tentativa terminamos destruíndo tudo a nossa volta, inclusive aquilo que amamos.

Tentamos tomar posse só para ver aquilo, ou aquele, que queremos nos escapar pelos dedos. Por que temos a necessidade de possuir, de guardar, de esconder dos outros? E por que, uma vez amando, temos a necessidade de mudar o objeto amado para adapta-lo à nossa imagem do que este deveria ser ao invés de aceita-lo?

Talvez não Freud, mas Satre explique. Ele diz que nos apaixonamos por uma imagem do ser amado - algo como uma fotografia - e não pelo ser amado em si, o ser completo. Será que é por isso que tantas vezes o 'amor' da errado?

Mas já estou viajando muito e esse é um assunto para tese de mestrado, não um blog perdido no espaço entre caminhos retos e linhas tortas.


Em homenagem ao amor, segue um texto de Julio Cortázar, mais precisamente o capítulo 07 do livro 'O jogo da amarelinha'.


Toco a sua boca, com um dedo toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a sua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e desenha no seu rosto, e que por um acaso que não procuro compreender coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que a minha mão desenha em você.
Você me olha, de perto me olha, cada vez mais de perto, e então brincamos de cíclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, se aproximam uns dos outros, sobrepõem-se, e os cíclopes se olham, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se no seu cabelo, acariciar lentamente a profundidade do seu cabelo, enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragância obscura. E se nos mordemos, a dor é doce; e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água.

Sunday, September 17, 2006

Sem palavras

Ontem estavamos na casa de um amigo jogando Munchkin - que eu acho que o Malhado ia adorar - e Niagra. Ok, esse último eu só assisti, mas adorei. É cheio de pedrinhas brilhantes e barquinhos. Fiquei louca para meter a mãozinha naquele bando de pecinhas e brincar com elas. Acho que o povo que estava jogando não ia gostar muito, mas enfim...

Voltando ao assunto:

Estavamos na casa de um amigo jogando e ele mostrou uns videos que ele achou no You tube chamado 'Wine opener'. Bom... não tenho palavras para descrever aquilo, mesmo porque eu ainda estou com a barriga doendo demais de tanto que eu ri. Vale a pena.

http://www.youtube.com/watch?v=uAGZiE45FOc - Wine Opener

mas se você é da turma que prefere cerveja...

http://www.youtube.com/watch?v=PCp31OZ63Tc - Hot Opener

Thursday, September 14, 2006

Caminhos mais tortos do que de costume.

Ontem eu resolvi ir de ônibus para a tijuca...

Por que? Vocês se perguntam.

Bom, tinha essa palestra que eu queria assistir, na UERJ, e antes eu tinha que devolver dois filmes na blockbuster. Que fica na direção oposta a estação do metro. Depois de conversar com uma nativa (Ynara) daquelas terras indômitas resolvi pegar um ônibus "por que é facinho de chegar lá".

Muito inocente, eu acreditei!

Devolvi os filmes, atravessei a rua e, me sentido muito gente grande, peguei um 455 que me deixaria na porta da UERJ. Eram 5:40 e a palestra só começaria as 18:30. Eu tinha 50 minutos para chegar lá.

Uma hora e meia depois, sem nunca ter visto nem sombra da UERJ, eu decidi que 40 minutos de atrazo (e contando) para uma palestra que segundo informações duraria no máximo 90 minutos já era demais. Desci do ônibus, andei três quarteirões e peguei outro 455 na direção contrária para voltar para casa.

Vocês acham que é por isso que eu estou P da vida, né?

Não, estou P da vida e pronta para morder o primeiro incauto que me aparecer pela frente por que a viagem de volta levou 28 MINUTOS! Contados!

28!

Catso!

Wednesday, September 13, 2006

Tava me sentindo abandonada.

E eu andava pensando: Puxa, estou escrevendo um blog, mandei o endereço para os meus amigos e ninguém veio visitar... não tem nem um comentáriozinho.

Em plena crise existêncialista fui visitar o fotolog da Mel (Cal, Sal e Mel - o link tá ai do lado) e descobri um post... pra mim! O Malhado (O Carvalho e a Sorveira - link idem) estava reclamando que eu não tinha habilitado a opção de comentário.

Bom, limpei o sorvete da testa e liberei o blog para comentários... mas não liberei muito não por que é um blog de família, muito pudico e bem comportado. Mas o povo já pode deixar comentário.

Saturday, September 09, 2006

Poema das Runas

O Poema das Runas Anglo-Saxão
(Em Inglês - que eu consigo entender)

Wealth is a comfort to all men;
yet must every man bestow it freely,
if he wish to gain honour in the sight of the Lord.
The aurochs is proud and has great horns;
it is a very savage beast and fights with its horns;
a great ranger of the moors, it is a creature of mettle.
The thorn is exceedingly sharp,
an evil thing for any knight to touch,
uncommonly severe on all who sit among them.
The mouth is the source of all language,
a pillar of wisdom and a comfort to wise men,
a blessing and a joy to every knight.
Riding seems easy to every warrior while he is indoors
and very courageous to him who traverses the high-roads
on the back of a stout horse.
The torch is known to every living man by its pale, bright flame;
it always burns where princes sit within.
Generosity brings credit and honour, which support one's dignity;
it furnishes help and subsistence
to all broken men who are devoid of aught else.
Bliss he enjoys who knows not suffering, sorrow nor anxiety,
and has prosperity and happiness and a good enough house.
Hail is the whitest of grain;
it is whirled from the vault of heaven
and is tossed about by gusts of wind
and then it melts into water.
Trouble is oppressive to the heart;
yet often it proves a source of help and salvation
to the children of men, to everyone who heeds it betimes.
Ice is very cold and immeasurably slippery;
it glistens as clear as glass and most like to gems;
it is a floor wrought by the frost, fair to look upon.
Summer is a joy to men, when God, the holy King of Heaven,
suffers the earth to bring forth shining fruits
for rich and poor alike.
The yew is a tree with rough bark,
hard and fast in the earth, supported by its roots,
a guardian of flame and a joy upon an estate.
Peorth is a source of recreation and amusement to the great,
where warriors sit blithely together in the banqueting-hall.
The Eolh-sedge is mostly to be found in a marsh;
it grows in the water and makes a ghastly wound,
covering with blood every warrior who touches it.
The sun is ever a joy in the hopes of seafarers
when they journey away over the fishes' bath,
until the courser of the deep bears them to land.
Tiw is a guiding star; well does it keep faith with princes;
it is ever on its course over the mists of night and never fails.
The poplar bears no fruit; yet without seed it brings forth suckers,
for it is generated from its leaves.
Splendid are its branches and gloriously adorned
its lofty crown which reaches to the skies.
The horse is a joy to princes in the presence of warriors.
A steed in the pride of its hoofs,
when rich men on horseback bandy words about it;
and it is ever a source of comfort to the restless.
The joyous man is dear to his kinsmen;
yet every man is doomed to fail his fellow,
since the Lord by his decree will commit the vile carrion to the earth.
The ocean seems interminable to men,
if they venture on the rolling bark
and the waves of the sea terrify them
and the courser of the deep heed not its bridle.
Ing was first seen by men among the East-Danes,
till, followed by his chariot,
he departed eastwards over the waves.
So the Heardingas named the hero.
An estate is very dear to every man,
if he can enjoy there in his house
whatever is right and proper in constant prosperity.
Day, the glorious light of the Creator, is sent by the Lord;
it is beloved of men, a source of hope and happiness to rich and poor,
and of service to all.
The oak fattens the flesh of pigs for the children of men.
Often it traverses the gannet's bath,
and the ocean proves whether the oak keeps faith
in honourable fashion.
The ash is exceedingly high and precious to men.
With its sturdy trunk it offers a stubborn resistance,
though attacked by many a man.
Yr is a source of joy and honour to every prince and knight;
it looks well on a horse and is a reliable equipment for a journey.
Iar is a river fish and yet it always feeds on land;
it has a fair abode encompassed by water, where it lives in happiness.
The grave is horrible to every knight,
when the corpse quickly begins to cool
and is laid in the bosom of the dark earth.
Prosperity declines, happiness passes away
and covenants are broken.

(e no Anglo-Saxão original - do qual eu não entendo uma única palavra)

Feoh byþ frofur fira gehwylcum;
sceal ðeah manna gehwylc miclun hyt dælan
gif he wile for drihtne domes hleotan.
Ur byþ anmod ond oferhyrned,
felafrecne deor, feohteþ mid hornum
mære morstapa; þæt is modig wuht.
Ðorn byþ ðearle scearp; ðegna gehwylcum
anfeng ys yfyl, ungemetum reþe
manna gehwelcum, ðe him mid resteð.
Os byþ ordfruma ælere spræce,
wisdomes wraþu ond witena frofur
and eorla gehwam eadnys ond tohiht.
Rad byþ on recyde rinca gehwylcum
sefte ond swiþhwæt, ðamðe sitteþ on ufan
meare mægenheardum ofer milpaþas.
Cen byþ cwicera gehwam, cuþ on fyre
blac ond beorhtlic, byrneþ oftust
ðær hi æþelingas inne restaþ.
Gyfu gumena byþ gleng and herenys,
wraþu and wyrþscype and wræcna gehwam
ar and ætwist, ðe byþ oþra leas.
Wenne bruceþ, ðe can weana lyt
sares and sorge and him sylfa hæfþ
blæd and blysse and eac byrga geniht.
Hægl byþ hwitust corna; hwyrft hit of heofones lyfte,
wealcaþ hit windes scura; weorþeþ hit to wætere syððan.
Nyd byþ nearu on breostan; weorþeþ hi þeah oft niþa bearnum
to helpe and to hæle gehwæþre, gif hi his hlystaþ æror.
Is byþ ofereald, ungemetum slidor,
glisnaþ glæshluttur gimmum gelicust,
flor forste geworuht, fæger ansyne.
Ger byÞ gumena hiht, ðonne God læteþ,
halig heofones cyning, hrusan syllan
beorhte bleda beornum ond ðearfum.
Eoh byþ utan unsmeþe treow,
heard hrusan fæst, hyrde fyres,
wyrtrumun underwreþyd, wyn on eþle.
Peorð byþ symble plega and hlehter
wlancum [on middum], ðar wigan sittaþ
on beorsele bliþe ætsomne.
Eolh-secg eard hæfþ oftust on fenne
wexeð on wature, wundaþ grimme,
blode breneð beorna gehwylcne
ðe him ænigne onfeng gedeþ.
Sigel semannum symble biþ on hihte,
ðonne hi hine feriaþ ofer fisces beþ,
oþ hi brimhengest bringeþ to lande.
Tir biþ tacna sum, healdeð trywa wel
wiþ æþelingas; a biþ on færylde
ofer nihta genipu, næfre swiceþ.
Beorc byþ bleda leas, bereþ efne swa ðeah
tanas butan tudder, biþ on telgum wlitig,
heah on helme hrysted fægere,
geloden leafum, lyfte getenge.
Eh byþ for eorlum æþelinga wyn,
hors hofum wlanc, ðær him hæleþ ymb[e]
welege on wicgum wrixlaþ spræce
and biþ unstyllum æfre frofur.
Man byþ on myrgþe his magan leof:
sceal þeah anra gehwylc oðrum swican,
forðum drihten wyle dome sine
þæt earme flæsc eorþan betæcan.
Lagu byþ leodum langsum geþuht,
gif hi sculun neþan on nacan tealtum
and hi sæyþa swyþe bregaþ
and se brimhengest bridles ne gym[eð].
Ing wæs ærest mid East-Denum
gesewen secgun, oþ he siððan est
ofer wæg gewat; wæn æfter ran;
ðus Heardingas ðone hæle nemdun.
Eþel byþ oferleof æghwylcum men,
gif he mot ðær rihtes and gerysena on
brucan on bolde bleadum oftast.
Dæg byþ drihtnes sond, deore mannum,
mære metodes leoht, myrgþ and tohiht
eadgum and earmum, eallum brice.
Ac byþ on eorþan elda bearnum
flæsces fodor, fereþ gelome
ofer ganotes bæþ; garsecg fandaþ
hwæþer ac hæbbe æþele treowe.
Æsc biþ oferheah, eldum dyre
stiþ on staþule, stede rihte hylt,
ðeah him feohtan on firas monige.
Yr byþ æþelinga and eorla gehwæs
wyn and wyrþmynd, byþ on wicge fæger,
fæstlic on færelde, fyrdgeatewa sum.
Iar byþ eafix and ðeah a bruceþ
fodres on foldan, hafaþ fægerne eard
wætre beworpen, ðær he wynnum leofaþ.
Ear byþ egle eorla gehwylcun,
ðonn[e] fæstlice flæsc onginneþ,
hraw colian, hrusan ceosan
blac to gebeddan; bleda gedreosaþ,
wynna gewitaþ, wera geswicaþ.