Monday, January 29, 2007

O Rio assiste ao crime

Hoje Copa acordou mais cedo, pelo menos aqui no meu quarteirão.

Não era nem dia ainda. Eu, ainda sob o efeito de uma maratona da quinta temporada de '24 horas', onde Jack Bauer e o resto da CTU (Contra - ou Counter - Terrorist Unit) tentam frustrar ataques terroristas e dão tiros para todos os lados, levei alguns minutos para registrar o fato de que estava ouvindo tiros de verdade e não sonhando com eles.

Bem que eu achei que o Jack e o Curtis (dois dos personagens da série) estavam com voz diferente... e falando em português ainda por cima.

Finalmente liguei funções o suficiente no cérebro para me tocar que não eram eles. Cheguei na janela para descobrir a rua lotada de policia. Armas para tudo que é lado, gritos, uniformes cinzas, coletes a prova de balas, viaturas, luzes piscando.... e dezenas de vizinhos nas janelas.

É o Rio assistindo ao crime.

Duzias de rostos anônimos, pessoas debruçadas nas janelas para assistirem a entrada do próprio prédio onde vivem tomada por policiais armados. O porteiro gesticulando nervoso, tentando explicar alguma coisa que daqui de longe não dá para escutar, policiais posicionados em ambos os lados da entrada da garagem e até dois deitados no chão da rua, armas apontadas e prontas para entrar em ação.

E eu aqui sem máquina fotográfica. Não preciso nem dizer que até o fim do dia isso vai ter mudado, não é?

Fico aqui reduzida a mera espectadora, sem poder esbugalhar os olhos curiosos dos amigos e parentes espalhados pelo mundo com esse estranho modo de despertar no meio da madrugada que me caiu no colo.

Droga, tem um maluco saindo de carro de um prédio... do prédio ao lado do que foi cercado pela policia... esse cara é louco?

Pelo menos ele saiu na contramão... puxa, ele pegou a contramão na Barata Ribeiro. Eu sempre quiz fazer isso. Acho que se eu saisse de carro agora minha família fazia fila para me dar cascudos, alguns amigos também. Melhor esquecer isso e voltar ao assunto.

A policia está entrando na garagem agora.

Fico impressionada com o fato de que apesar de eles terem interrompido o trânsito de veículos, os pedestres continuam indo e vindo conforme lhes dá na telha. Nem para fazer com que as pessoas passem do outro lado da rua... os civis simplesmente passam no meio da policia e das armas e ninguém diz nada. Como pode?

Se bem que qualquer um que acha que está tudo bem passar por ali agora pode levar uma bala na cabeça que não vai sofrer muito dano. Para tomar uma decisão dessas o sujeito não tem nenhum orgão vital entre as orelhas.

Chegaram os repórteres. Já vi alguns com camêras fotográficas e pelo menos uma camêra de televisão.

A policia entrou... os jornalistas agora tomaram o lugar deles e na mesma hora meia dúzia de curiosos também se reuniu na entrada da garagem. Os curiosos estão muito bem protegidos... chinelo, bermuda e camiseta (alguns de camiseta, outros sem). Ainda não estou acordada o suficiente para não desejar que alguém dispare um tiro na direção deles. Não precisa nem pegar... aliás é bom que não pegue, mas só para dar o susto e tirar o povo lá de perto.

Imagina se o cara que está fugindo da policia consegue correr para fora antes da policia pegar ele. Esse povo vai virar alvo ou refém... se não for os dois ao mesmo tempo. Isso além de estar no caminho.

Eles já entraram a mais de dez minutos.

Nem os curiosos estão mais na porta da garagem.

Agora já passa das 7:00hs. A policia abriu metade da rua para o trânsito. Não tem outro jeito, é um trânsito muito pesado para ser desviado, abrindo só metade da rua já vai dar um engarrafamento enorme.

Eles já estão lá dentro a mais de vinte minutos. Nada ainda, acho que vou blogar o resto mais tarde.